Se o machado está cego e sua lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria assegura o sucesso. (Eclesiastes 10:10)
Lenhadores, carpinteiros, médicos, militares ou professores, na verdade, seja qual for a profissão, todos dependem de suas ferramentas, de seus instrumentos de trabalho. Um instrumento ruim ou em más condições de manutenção vai resultar em um trabalho ineficiente e de baixa qualidade.
Não basta apenas o conhecimento e a experiência na execução de uma tarefa. Também não adianta redobrar o esforço, suar a camisa para tentar fazer o que precisa ser feito, sem antes avaliar a razão ou as razões que estão dificultando o trabalho e impedindo que os bons resultados aconteçam.
Muitas vezes temos um prazo a cumprir, uma agenda de atividades que precisam ser realizadas e, como todos sabemos, os ponteiros do relógio seguem girando e o tempo não faz uma pausa para esperar por ninguém. Mas mesmo correndo contra o relógio, não é perda de tempo parar para cuidar dos seus recursos e instrumentos de trabalho, para obter um rendimento maior.
A Bíblia é um livro extraordinário. Nela encontramos a revelação da pessoa de Deus, da origem de todas as coisas pelo poder de Sua palavra, de como nossos primeiros pais foram rebeldes contra Ele, e o plano de redenção narrado ao longo das páginas do antigo e novo Testamentos.
Descobrimos que o trabalho não é um castigo que foi imposto aos homens e mulheres na terra como consequência de seu pecado contra o Criador, como alguns pensam.
Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que rastejam sobre a terra. (Gênesis 1:28 )
O homem foi nomeado regente da criação, responsável pela gestão dos recursos da natureza na terra. A taxonomia é a ciência da classificação de organismos em categorias hierárquicas com base em suas características, a fim de organizar e nomear a diversidade da vida. Ela ajuda a identificar, nomear e compreender as relações entre os seres vivos. Essa foi um das primeiras funções dadas por Deus ao homem.
E o Senhor Deus formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem, para ver como lhes chamaria; e o nome que o homem desse a cada ser vivo, esse seria o nome deles. Assim o homem deu nomes a todo o gado, às aves do céu e a todos os animais do campo… (Gênesis 2:19-20)
Mas a responsabilidade do homem não se limitava a ser o regente da criação. Seu papel não era apenas intelectual e de gestão. Além de trabalhar com a cabeça, ele terá que também botar a mão na massa, como dizemos hoje.
E o Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para que o homem o cultivasse e guardasse. (Gênesis 2:15)
Deus criou, produziu uma enorme diversidade de plantas e animais, fez com que "mananciais subissem da terra e regassem toda a superfície do solo." (Gênesis 2:6) mas caberia ao homem cultivar a terra e cuidar dela.
O trabalho, longe de ser uma maldição por conta do pecado, seria uma atividade a compor a harmonia da existência feliz no mundo perfeito criado por Deus. No entanto, é verdade que essa condição sofreu uma drástica mudança após a queda.
E disse para o homem: Porque deste ouvidos à voz da tua mulher e comeste da árvore da qual te ordenei: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; com sofrimento comerás dela todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e ervas daninhas; e terás de comer das plantas do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste tirado; porque és pó, e ao pó tornará. (Gênesis 3:17-19 )
Depois do pecado, dizer que tudo complicou é dizer muito pouco. O trabalho tornou-se penoso. Não bastava cultivar a terra para que as plantas pudessem crescer. Seria necessário combater ervas daninhas, pragas e enfrentar as intempéries do clima.
Não sabemos como ou quando, mas o homem começou a fabricar ferramentas agrícolas. A princípio certamente mais primitivas e toscas, elas evoluíram ao longo dos anos e dos séculos até o machado de ferro já mencionado por Moisés no livro de Deuteronômio (19:5), quando a lei define a responsabilidade de manter o machado firmemente preso a seu cabo, para evitar que por acidente ele se solte no seu manuseio e possa ferir ou até causar a morte de alguém.
Bem, mas afinal, o que machados afiados e bem fixados no cabo tem a ver com o ensino da Bíblia? Eu ousaria dizer que tem tudo a ver. Seja um machado, uma foice, instrumental cirúrgico ou material didático, não há dúvida que o bom resultado do trabalho dependerá da qualidade da ferramenta e da habilidade de quem a usa.
Em vez de redobrar a força ou tentar improvisar um "jeitinho", é melhor parar um pouco para planejar e cuidar dos recursos necessários para a realização de um trabalho de qualidade. Com certeza seremos positivamente surpreendidos em ver nossos alunos desatentos e desmotivados ganharem um novo brilho nos olhos, interagindo e realmente aprendendo o que está sendo ensinado quando dedicarmos o tempo necessário para preparar uma aula com esmero, do jeito que a Bíblia ordena: "O que ensina, esmere-se no fazê-lo." (Romanos 12:7).
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